6 de dezembro de 2022
Psiquiatria

Seu filho é muito agitado e/ou desatento

Saiba quando desconfiar de TDAH 

(Transtorno de déficit de atenção e/ou hiperatividade)

O que é TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção ou inquietude/impulsividade ou ambos.

Apresentação clínica:

O TDAH é definido pela presença de um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade- impulsividade, que interfere no funcionamento ou desenvolvimento normal. As manifestações de desatenção são numerosas, incluindo desde ficar vagando durante a execução de uma tarefa, falta de persistência e tendência à desorganização.

A hiperatividade se manifesta como atividade motora excessiva quando não apropriada, inquietação, batidas leves ou loquacidade (falar em excesso). Impulsividade se refere à tomada de decisões ou ações sem planejamento. Além disso, pode aparecer como intromissão social ou tomada de decisões importantes sem considerar suas consequências. É importante enfatizar que esses padrões de comportamento não devem ser causados por padrão desafiante ou falta de compreensão.

Existem três apresentações de TDAH: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo ou combinado.

 

Principais sintomas de 

DESATENÇÃO no TDAH:

Dificuldade em prestar atenção aos detalhes e cometer erros por descuido;

Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades;

Esforço para ouvir quando alguém fala;

Esforço para executar e completar tarefas ou atividades;

Dificuldade em organizar tarefas e atividades;

Evitar tarefas que exigem mais esforço mental;

Perder objetos necessários para realizar tarefas ou atividades;

Distratibilidade a partir de estímulos externos;

Esquecimento das atividades diárias.

 

Principais sintomas de HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE no TDAH:

Mexer-se ou bater as mãos ou pés, ou se contorcer no assento;

Levantar-se quando se espera que permaneça sentado (a);

Ficar correndo ou escalando (principalmente as crianças), ou sentimentos subjetivos de inquietação (principalmente os adolescentes e adultos);

Incapacidade de ter algum lazer silencioso;

Frequentemente “em movimento”, “como se tivesse um motor”;

Logorréia inadequada (muito falante); 

Deixar escapar as respostas antes que uma pergunta seja concluída;

Dificuldade em esperar sua vez em jogos ou atividades;

Interromper outras pessoas ou intrometer-se.

É importante destacar que crianças afetadas pelo TDAH podem ser capazes de manter o foco ao realizar tarefas específicas, como jogar vídeo game,  assistindo televisão, ou em certas situações de que gostam. A motivação, relevância e atratividade da tarefa para a criança influenciam na manifestação dos sintomas. Além disso, pais cuidadosos podem fornecer ambientes estruturados e estimulação para seus filhos com TDAH, criando uma situação onde os sintomas só são evidenciados mais tarde na adolescência, quando se tornam mais independentes.

Diagnóstico:

Infelizmente não existe qualquer exame de sangue, de imagem, ou qualquer outro exame que possa diagnosticar o Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O diagnóstico de TDAH é clínico, baseado na observação da criança, na história comportamental que os pais trazem da criança e o seu comportamento na escola. Lembrando que os sintomas devem estar presentes nos dois locais (casa e escola).

Tratamento:

Existem várias estratégias de tratamento que podem melhorar os sintomas de TDAH que são apoiadas por evidências. Dada a variação entre os pacientes, é necessário um plano de tratamento individualizado, levando em consideração a idade, as comorbidades, a gravidade, circunstâncias familiares e sociais e preferências do paciente e da família.

 

O tratamento na infância e adolescência para o TDAH é multidisciplinar. Engloba psicoeducação para os pais e conta com a ajuda de profissionais de várias áreas, como psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos.

 

A maioria das diretrizes recomenda intervenções comportamentais (especialmente treinamento comportamental dos pais) combinado com medicação (as drogas mais utilizadas são metilfenidato e anfetaminas).  As intervenções comportamentais são indicadas como a primeira linha de tratamento principalmente para crianças mais novas e para aqueles que têm sintomas leves e deficiência.

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