7 de dezembro de 2022
Reumatologia

Neuromodulação Cerebral Não Invasiva: uma nova ferramenta no tratamento da dor crônica

Há tempos se pensava que a dor crônica era somente um sintoma de alguma doença, entretanto, na atualidade, a dor crônica é vista como a doença por si só, com mecanismos fisiológicos distintos, onde as alterações na interpretação e processamento da dor no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) são cada vez mais evidentes em trabalhos científicos.

O manejo das síndromes de dor crônica é um verdadeiro desafio, pois apenas 40% a 60% dos pacientes tem resultado favorável somente com medicamentos, além disso, muitas pessoas apresentam efeitos colaterais indesejáveis, prejudicando na adesão ao tratamento. 

A neuromodulação cerebral não invasiva (NIBS) é uma técnica que utiliza da estimulação ou inibição de áreas cerebrais com o intuito de reorganizar os caminhos dos neurônios e suas sinapses no sistema nervoso central. Assim, existem estudos promissores sobre o uso da neuromodulação para diversas doenças, entre elas dor neuropática, fibromialgia, depressão, esquizofrenia, vícios (tabagismo, álcool), zumbido, enxaqueca, doença de Alzheimer, além de ser associada a reabilitação em pacientes com doença de Parkinson, pós acidente vascular encefálico (AVE), e alterações fonoaudiológicas (afasia, apraxia, gagueira). 

Como é realizada a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC)?

Esta estimulação é um tipo de NIBS feita com estímulos elétricos de baixa voltagem através de eletrodos aplicados no couro cabeludo do paciente, em áreas específicas, dependendo do que se quer melhorar. As sessões são realizadas em consultório, com o paciente acordado e consciente durante todo o período. É uma técnica extremamente segura e apresenta poucos efeitos adversos, sendo que os mais comuns são sensação de formigamento ou coceira no local do eletrodo.

Como a ETCC pode melhorar a dor?

Os efeitos da ETCC são de neuromodulação (alterações vistas nas membranas dos neurônios), durante a aplicação da corrente elétrica, e de neuroplasticidade (momento em que o sistema nervoso central adquire a propriedade de modificar a sua estrutura e função), podendo assim, alterar as vias de transmissão e processamento da dor até 24 a 48h após a sessão.

Quando o tratamento é realizado de forma correta, respeitando o tempo de indução e a fase de manutenção, os benefícios da neuroplasticidade e melhora da dor podem ser percebidos até por vários meses, dependendo da resposta individual.

Na fibromialgia a maioria dos estudos demonstra redução da intensidade da dor, e consequentemente, melhora da qualidade de vida. Outros sintomas presentes na fibromialgia que melhoram com esse tratamento são: sono, fadiga, humor e cognição.

Existe alguma contraindicação?

Sim. A presença de implantes metálicos no cérebro, áreas sem calota craniana ou em crianças que não estejam com todas as suturas cranianas fechadas (moleira).

Por fim, a ETCC é uma técnica segura, sendo uma boa ferramenta no arsenal terapêutico da dor crônica, podendo ser associada a tratamentos medicamentosos e não medicamentosos, como fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia.

Matéria por

Izabela Guimarães Aliviador Centro de Tratamento da Dor Rua Celestino de Almeida, 426 Em frente Hospital Regional São Paulo - Xanxerê / SC
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